Findou o mês de mainha
Junho é mês de São João
São José colaborou
Trouxe chuva pro sertão
Tá bonito o milharal
Pra fazer cuscuz, curau
E não falta animação.
Pro povo do interior
É o evento principal
Pra celebrar co' os parentes
Que chegam da capital
É bonito de se ver
A cidade florescer
Nessa festa sem igual.
Santo Antônio vem primeiro
Tem ladainha mais canto
Pra moça arranjar marido
Faz coisa que causa espanto
Apesar do seu poder
Pobre Antônio vai sofrer
Oh! Coitadinho do Santo.
Deixo de lado as loucuras
Penso na praça enfeitada
Barraquinhas com comidas:
Pamonha, bolo e coalhada
Não pode faltar quentão
Licor e o bom Gonzagão
Pra festa ser animada.
Bate aquela nostalgia
Da quadrilha de Detinha
Eu ainda era criança
Mas já amava a Ritinha
Com seu vestido de chita
Na cabeça linda fita
Ela era tão bonitinha.
Se a saudade tem um nome
Se a saudade tem um som
Digo que o nome é forró
Ritmo pra lá de bom
Mas falo do verdadeiro
Que sanfoneiro ligeiro
Toca sem perder o tom.
Mas fico muito avexado
Com tantas tolas mudanças
Forró universitário
Arrocha e outras lambanças
Ver São João com axé
É vinagre no café
Mata minhas esperanças.
De voltar a ouvir poesia
O lindo "Cai cai balão..."
"Olha pro céu meu amor..."
Na festa de São João
Vou tradição defender
Pra nunca deixar morrer
Nosso amor pelo baião.
Outro coisa importante
O seu prefeito pressione
Pra contratar os artistas
Do local, mesmo sem nome
Assim preserva a raiz
E mantém viva a matriz
Boa música consome.
Amantes do bom forró
Eu termino então pedindo
Não deixem que o capital
Avance nos agredindo
Com morte da tradição
Pregam alienação
E bom baião vai sumindo.
Salvador, 01/06/25
Jessé Ojuara