Pendurados num cordão
Os folhetos de cordel
Sempre fui leitor fiel
Do romance do pavão
A vida de Lampião
Jararaca não foi fraco
Todo movimento opaco
De Maria cangaceira
Eu nunca voltei da feira
Sem um cordel no bisaco.
Enalteço o Cordelista
Um poeta popular
É tão lindo o seu versar
Simples e universalista
Tudo tem na sua lista:
Sertão, aventura e Baco
Causo de cabra velhaco
Pobre sem eira nem beira
Eu nunca voltei da feira
Sem um cordel no bisaco.
Eu cismei fazer poesia
E hoje tal qual aprendiz
Busco na fonte e raiz
Gente que tem maestria
E ensina com simpatia
Eu lhes pago co' um pataco
Que recebi dum Polaco
Que conheci na Ribeira
Eu nunca voltei da feira
Sem um cordel no bisaco.
Sou nordestino retado
Com cordel aprendi ler
Também me atrevo escrever
Quero deixar meu legado
Mesmo sem ser afamado
Morando em simples barraco
Vou pitando meu tabaco
Sem me abalar com besteira
Eu nunca voltei da feira
Sem um cordel no bisaco.