Traçei meu próprio caminho
Bahia me deu compasso
Descendo e subindo ruas
Sempre firme no meu passo
Tenho casos pra contar
É só parar pra escutar
Tem vitória e tem fracasso.
Porque assim é nossa vida
Ninguém vive só de glória
Com derrotas aprendi
Valorizar a vitória
Cada pedra que é quebrada
Fortalece a caminhada
Também forja a nossa história.
Que começou na Ribeira
Abençoado lugar
Muito baba e pescaria
Aquariano no mar
Lá aprendi a ser forte
Sobreviver sem ter sorte
Pra Ribeira vou voltar.
Também cedo eu persegui
Valor do conhecimento
Pra crescer e superar
Mitigar meu sofrimento
E a maldita sina imposta
Marcada na nossa costa
Desde o nosso nascimento.
Ensina a religião
Aceitar com fé a dor
Achava isso bem estranho
Por que não sofre o senhor?
Toda pena só suporta
Também só bate na porta
Do humilde trabalhador.
O pobre resignado
Com fé e passividade
Tudo suporta calado
No sertão e na cidade
Sempre entra ano e sai ano
Ele aguenta todo o dano
Sonha com felicidade.
Lutei, mudei minha sina
Aprendi na vida e escola
A brigar por meus direitos
E não aceitar esmola
Tinha um norte e objetivo
Romper sistema abusivo
E vencer sem jogar bola.
As árvores não plantei
Pois na cidade vivia
Mas filhos eu tive três
Que me dão muita alegria
Hoje olhando pro passado
Com o meu plano alcançado
Vivo a vida em harmonia.
Também livros escrevi
Para completar o plano
Um editor eu virei
Longe de fechar o pano
Sigo a espalhar poesia
Em cordel, linda magia
Com fôlego de soprano.
Eu não gosto de conselhos
Mas se um eu fosse deixar
Viva a vida intensamente
Pense! ela vai acabar
Viva o hoje, só o agora
A vida grita lá fora
Vem pra rua desfrutar.
Salvador, 17/11/24,
Obs: Foto do por do sol na praia da Ribeira, península de Itapagipe, Salvador/BA. Imagem internet, autor desconhecido.