O que seria uma noite
Um ode a boa cultura
Numa Cantina da Lua
Se tornou em amargura
O ocaso da segurança
Seguiu em vil aventura.
Foi num fatídico sábado
Risos, troças e cravinhos
Perdidos em noite suja
Quatro espíritos sozinhos
Em ruas também vielas
Depois restaram os espinhos.
Trocas de anéis e chapéus
Alisadas sem sermão
Baco aquele canalha
Foi quem deu a permissão
Morfeu me fez um favor
Ao promover apagão.
Apagado não vi nada
Quem não ver cala e consente
Mas o que os olhos não vê
Nunca nos torna inocente
Um coração desregrado
Sofre muito e também sente.
Dia seguinte a ressaca
Física e também moral
Eu pensei que ia morrer
Morto estava no astral
Nova promessa que fiz
Eu vou parar afinal.
O prazer é tão fugaz
Mas as dores são constantes
As sequelas em minh'alma
E no corpo são marcantes
Dessa vez eu não desisto
Estou firme, mais que antes.
Pra enfrentar essa batalha
Apoio vou precisar
Da família e dos amigos
Reconhecer vai me dar
Certeza que essa doença
Vou conseguir superar.
Hoje somo nove dias
De difícil sobriedade
As tentações são enormes
Pelo zap e na verdade
Depende muito de mim
Dá grito de liberdade.
Somente um dia por vez
Cada dia uma vitória
Mas quero só qualidade
Nada de troféu ou glória
Preservar minha saúde
Resumo assim minha história.
Aqui findo sem conselho
Universo sã conspira
Vai fazer acontecer
Se ver o alvo faça a mira
Se tocar seu coração
Vá, toda mudança inspira.
Salvador, 23/9/24,
Obs: relato da minha última farra, suas consequências e minha decisão de parrar de vez de beber.