Cantoria e vaquejada
Lindos causos em cordel
Em livretos de papel
Fogão a lenha, fornada
Bode assado mais buchada
Carne do sol com pirão
Milho, cuscuz e quentão
Penitente numa prece
Tudo isso você conhece
Quando visita o sertão.
Azulão a gorjear
Crianças pra todo lado
Fazenda, sítio e roçado
Gente honesta a trabalhar
A chuva escassa a molhar
Nosso esturricado chão
Vaqueiro em lindo gibão
Mulher bonita em quermesse
Tudo isso você conhece
Quando visita o sertão.
Em toda praça um coreto
Mais uma linda igrejinha
Ver a casa de farinha
Um repentista em dueto
Reza, mandinga e amuleto
Melhor festa de São João
Dançar forró e baião
Desde que o dia amanhece
Tudo isso você conhece
Quando visita o sertão.
A flor do mandacaru
Que traduz dualidade
Da rudeza e da bondade
No cenário o céu azul
Beber suco de caju
De vez até temporão
Plantado por rude mão
Que seu trabalho engrandece
Tudo isso você conhece
Quando visita o sertão.
Vai ver também boa gente
Por coronel explorada
É secular enrascada
Bastante vil e indecente
Em procissão inocente
É refém da exploração
Tem culto ao Padre Romão
A educação bem padece
Tudo isso você conhece
Quando visita o sertão.
Pra mudar esse cenário
Povo tem que se tocar
Por seus direitos brigar
Pra sair desse calvário
E rezar noutro rosário
Botar mais fé na razão
Andando na contramão
Despertado amadurece
Tudo isso você conhece
Quando visita o sertão.