Meu caro Gilberto Gil
Quero lhe homenagear
Em vida, nobre poeta
Porque só morto exaltar
É atitude patética
Vou lhe reverenciar
Por seus 82 anos
De arte e de maestria
Meus parabéns grande Gil
Expresso com alegria
Minha geração cresceu
Ouvindo sua poesia
Querendo muito um Xodó
E o Esperando na janela
Eu vivi a Tropicália
Do meu lado estava ela
Chorando desconsolada
Não chore mais,minha bela
Aproveite os doces Bárbaros
Gal, Gil, Bethânia e Caetano
Nós temos sorte Pretinha
Vivos os vimos todo ano
Lhes demos Aquele abraço
Deles Gil é o decano
Mas nesse Palco subiu
A talco ainda cheirando
Como bumbum de bebê
E seguiu sempre cantando
Lutou contra a ditadura
Sem armas, poetisando
Expulso foi do Brasil
Nobre rainha o acolheu
Foi lá nos anos de chumbo
Ele no exílio viveu
Bem longe da sua pátria
Compôs e surpreendeu
Mas num Domingo no parque
Perto da Boca do Rio
Sucedeu uma tragédia
Poetisada por Gil
Rosa, José e João
Sorvete e sangue num fio
O gênio desse poeta
Quando fala até de lata
Metáforando o incontível
Em sua poesia nata
Falando de grão ou Drão
Verso surreal retrata
Nosso Gil é Esotérico
Um poeta singular
Desses que não morrem nunca
Todos sempre vão lembrar
Amargo Qui nem jiló
Luiz ensinou a cantar
Meu divino São José
O Gil cantou alertando
Falando de Procissão
Com miseráveis rezando
Se arrastando pelo chão
E de Deus tudo esperando
Toda menina baiana
Pra ele um dia já disse
Vamos fugir , oh meu rei
Pode parecer tolice
Morar no Sítio Amarelo
Com Pica Pau, peraltice
Invade meu ser, A
paz
Se eu quiser falar com deus
Foi você quem me ensinou
Não preciso fariseus
Nem padre, pastor ou templo
Só dos sentimentos meus
Ouvir sua poesia
Convida a reflexão
Refazer a Refazenda
Andar pela contramão
Em, Ok, ok, ok
Você deu sua versão
Você é meu conterrâneo
O baiano mais porreta
Ó paí, olhe meu rei
Mando um abraço pra Preta
Pro Zé, Bela e todo o clã
Que não tem gente careta.
Salvador, 26/7/24