Quase duas mil poesias
Eu de tudo já falei
Hoje eu vou falar do nada
Tranquilo, eu me explicarei
Pois vejo no nada o tudo
No vazio me encontrei
Aprendi com o silêncio
Eu vi luz na escuridão
Onde só via o vazio
Encontrei nova opção
Pode parecer loucura
Mas sano nunca fui não
Hoje eu durmo bem desperto
E sonho um sonho acordado
Mas eu sigo andando só
Nunca em cavalo encilhado
Num buraco de minhoca
Vi o tempo ser domado
Viajei por vários mundos
Vi castelos e choupanas
Com um mendigo aprendi
Que as certezas são insanas
Tal qual as tolas verdades
Ou mentiras puritanas
Se eu sou ou se serei
Eu só poderei saber
Despindo-me de mim mesmo
E novas vestes fazer
Tecendo o próprio o tecido
E reaprendendo a ler
Esqueçam meus devaneios
Essa conversa fiada
Cada qual no seu redondo
Seguindo na sua estrada
Finalmente encontrará
Luz no vazio e no nada.