Na ponta da minha pena
Vem sem pena a inspiração
Quando eu tento dizer não
Ela que se mostra plena
Imperativa me ordena
Mas o que eu posso fazer
Além de lhe obedecer
Com maestria e empenho
Eu sou poeta e não tenho
Razões pra deixar de ser
A poesia é minha vida
Que chegou no meu ocaso
Com razão, não por acaso
Me salvou e deu guarida
As vezes chega atrevida
Revela o que posso ter
Confronta meu padecer
Mesmo franzindo o meu cenho
Eu sou poeta e não tenho
Razões pra deixar de ser
Fingi eu nunca fingi
Pessoa peço perdão
Não me venhas com sermão
Pois também nunca menti
Só falo do que eu senti
Acredite e podes crer
Eu só minto se beber
O amor em versos desenho
Eu sou poeta e não tenho
Razões pra deixar de ser.