Nesse 08 do mês de outubro,
Que vamos comemorar
O DIA DO NORDESTINO?
Mas não dá prá celebrar,
A seca ainda castiga
A miséria nos fustiga
Coroné noutro lugar
Agora estão em Brasilia
De paletó e gravata
Os Nordestinos sofrendo
E eles na mesma mamata
Mas por que vou me enganar
Eu devia era lutar
Mas mantendo a mesma data
Louvar Antônio Gonçalves
Patativa do Assaré
A data em sua homenagem
Esse poeta de fé
Mas Assaré combatia
Miséria também covardia
Só pra ele tiro o boné
Mas vê as mesmas famílias
Se manterem no poder
Magalhães também Sarney
Eu lhe digo: É de doer
Os Collor, mais os Barbalhos
Quero que vão pros baralhos
Pois são ratos a roer
A nossa sobrevivência
Enganam com falsidades
O manjado circo e pão
Inventam suas verdades
O povo com a mesma sina
Morre menino e menina
Vítimas de fome e maldades
Essa escravidão moderna
É algo que traz vergonhas
Uber, ifood e P.J.
Pois são coisas bem tristonhas
Lida análoga escravidão
Fere a dignidade irmão
Venenos de má peçonhas
Eu tenho bastante orgulho
De ser um bom Nordestino
Eu contudo lhes confesso
Que queria outro destino
Pra minha gente sofrida
Sem amparo e sem guarida
Pobre povo peregrino
Enxotado do torrão
Foge para sul e oeste
Corajoso enfrenta tudo
Como bom Cabra da peste
E tolera humilhação
Construiu essa nação
Desprezado no sudeste
Se Nordestino entendesse
Todo poder que ele tem
Separava do Brasil
Isso que pra nós convém
Temos melhor da cultura
Buchada mais rapadura
E Jorge Amado também
Gil, Caetano, Tom Zé
Sem falar do bom Cordel
Águas temos de montão
Nossa fala é um babel
População de valor
Gente que não teme dor
Pode anotar no papel
Mas vou logo antecipar:
O Sudeste independente
Vai penar um bom bocado
Sem explorar nossa gente
Sem a mão de obra barata
Chora sem fazer bravata
Nordeste cresce contente
Se caíssem na real
Nos tratavam com respeito
Separar é bom pra nós
Melhor parar preconceito
Não quero separação
Respeitem Nordeste então
Pois esse é meu justo pleito.