Poeta Jessé Ojuara
*Nunca se nega a ninguém, café, água e Poesia.
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Textos

Modernidade líquida 

(Liquidez humana de Bauman e o pêndulo de Schopenhauer).

 

 

Exponho-me, logo existo.

 

A vida virtual é somente um pêndulo, que oscila entre a aparência e o esquecimento, recorrentes desejos e desilusões. Quase nada se mantém sólido, numa realidade que os valores se liquefazem, esvaziam-se rapidamente.

 

"Nos tempos atuais, não há descanso. Descansar é deixar de se expor; deixar de se expor é deixar de ter importância; deixar de ter importância é deixar de existir". Seymour Glass

 

A carência, é uma antiga e revivida ilusão. O problema da carência, é que ela brinca com o medo do fracasso, da rejeição, do insucesso, desafeto e principalmente ausência de nós mesmos.

 

Precisamos do outro para nos afirmar, ter sentido, existir ou até ser. Na Internet, no liquido mundo virtual, esse outro é somente um número: frio, inanimado, indiferente e impessoal. Na vida real não é diferente. O outro é algo abstrato, uma ausência de nós mesmos.

 

"Tudo é mais fácil na vida virtual, mas perdemos a arte das relações sociais e da amizade". Zygmunt Bauman

 

Bauman, na metáfora da água, como padrão da sociedade, mostra como as relações atuais são plásticas, líquidas e deficientes.

 

A água se adapta a qualquer formato de copo, devido a sua fluidez e a sociedade atual também assim é: líquida, se esvai, tal qual gota de chuva e corre para o vala comum da obviedade.

 

Somos copos vazios, esperando que algo ou alguém nos preencha, complete ou dê sentido ao nosso vazio existencial.

 

A química do líquido é simples, mas na metáfora de Bauman, envolve misturas complexas: ego, vaidade, medo, desejos, prazeres e ilusões, instantâneas e superficiais.

 

Somos líquidos, porque não nos conhecemos e sendo assim, não conhecemos o outro. Tudo o que temos é uma imagem projetada, idealizada, ilusória e superficial do outro e de nós mesmos.

 

Por isso, as relações são frágeis, fugazes e privilegiam mais quantidade que qualidade.

 

A morte das expectativas que criamos, levam-nos às frustrações. Essas, projetam insatisfações pessoais e universais, que nos impelem à busca pelos prazeres efêmeros, imediatos e por consequência líquidos.

 

Exponho-me, logo existo. Possuo, logo existo.

 

As relações deixaram de ser espontâneas e naturais e passaram a ser forçadas, burocráticas, por conveniência e às vezes, até, persecutorias. O individualismo impera, mas ele não é respeitado, no virtual e na vida pessoal.

 

Mas essa liquidez, também pode ser observada em outros campos, como na arte. Onde notamos criações programadamente palatáveis. Uma espécie de "fast art", onde as obviedades dão lugar a arte criativa e transgressiva, tão presentes em tempos idos.

 

O lugar comum dominando só mente, comumente, as mentes indolentes e escravas das superficialidades. Um holocausto do ser.

 

Aqueles que forjam suas relações sem imposições, respeitando o outro e sem ser deles tão carentes, talvez e só talvez, estejam a um passo de sair desse oceano de ilusões, ou não.

 

 

 

Jessé Ojuara e Vivian Lissek
Enviado por Jessé Ojuara em 23/04/2023
Alterado em 24/04/2023
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