Se e quando olho para o abismo
Ele encara-me de volta
Eu tento até disfarçar
Mas seu olhar não me solta
Sei que preciso mudar
Ou viver reviravolta
Se e quando olho para o medo
Vejo nele um opressor
Mas pode ser meu amigo
Depende de luz ou dor
Da forma como lhe enfrento
Se protege ou traz pavor
Se e quando olho para o amor
Tolo tempo não me oprime
Ele deixa de existir
Tenho uma vida sublime
Eu sei que a sua pureza
É dádiva, não é crime
Se e quando eu olho pro ódio
Tento ser, ser racional
Desviar-me da maldade
Olhar pro bem e pro mal
Agir com inteligência
Nunca tal qual animal
Se e quando olho pra alegria
Pode ser só ilusão
A vida tem riso e dor
É real constatação
Melhor é não me iludir
Nem maquiar emoção
Se e quando olho a escuridão
Tudo turva em minha mente
Aceito conceitos tolos
Negacionismo demente
De quem só quer me enganar
Só com mentira eloquente
Se e quando olho para Deus
Eu não questiono nada
Nem verdade absoluta
Parece-me uma cilada
Quando tento questionar
Com o medo sou confrontada
Se e quando eu olho dinheiro
Vivo só triste ilusão
Eu sonho tudo querer
Refém da televisão
E quando tento escapar
Vejo só escravidão
Se e quando sigo gurus
Messias, Deuses e Santos
Tenho só paz passageira
Com proteção de seus mantos
Mas não me livram das dores
Medos, dúvidas e prantos
Se e quando olho para fora
Eu nada vou encontrar
A resposta está em mim
Melhor eu não me enganar
Com buscas intermináveis
Nisso posso acreditar.
Se e quando olho para luz
Eu posso ser enganada
Iludida pelas sombras
Lá na caverna amarrada
Mas se sigo a minha luz
Então não caio em cilada
Se e quando olho com a razão
Nem sempre tenho a resposta
Só vida cartesiana
Pode não ser boa aposta
Pois entre o ser e o não ser
Qual é a melhor resposta?
Se e quando olho a natureza
Equilíbrio lá encontro
Com toda paz e harmonia
Nunca vejo desencontro
Tudo está em sintonia
É nela que me reencontro.
Obs: Imagem internet