Enfim chegou pós natal
Guardo minha fantasia
Meu amor vai hibernar
Ignorar toda agonia
Isso por mais um longo ano
Bem camuflo a hipocrisia
Hoje ainda empanturrado
Depois da tal comilança
Lhe confesso que nem sei
Se vou subir na balança
Vou tomar um Sonrisal
Sem culpar tanta lambança
Pra onde foi minha empatia
Resurge cara amarrada
Dou as costas pra miséria
Eu não ligo mais pra nada
Ho ho ho e Jingle bells
Volta ser uma piada
A bondade ocasional
Minha culpa aliviou
Eu fecho o vidro do carro
Esmolas hoje não dou
Eu ja fiz a minha parte
E foi Jesus quem mandou
Enoja-me a triste farsa
E bondade de fachada
Ver gente que são mesquinhas
Falando frase ensaiada
São milagres do Natal?
Ou só falsa presepada?
Cadê Deus onipotente
Que esquece menino pobre
Será que está com Alzheimer?
Ou só lembra gente nobre
Em casa de favelado
Falta pão e não tem cobre
Mas se você não comer...
Não vai ganhar um presente
Filho de pobre mal come
Tá explicado, então gente!
Da triste realidade
Tão perversa e comovente
Em todo ano a mesma coisa
Eu não quero ver de novo
Para o rico bom filet
E para o pobre falta ovo
Por que essa desigualdade?
Eu pergunto e me comovo
Mas apenas comoção
Nunca vai mudar o mundo
É preciso mais ação
Também olhar mais fecundo
Por hora faço poesia
Com sentimento profundo.