Poeta Jessé Ojuara
*Nunca se nega a ninguém, café, água e Poesia.
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Textos

Natal da desigualdade

O natal é festa linda

Mas ela é triste também

A beleza tá na festa

A tristeza no desdém

N'alguma casa abastança

Presentes e comilança

Mas em outras nada tem

 

Não entendo o tal Noel

Só dá presente pra rico

E as cartas do miserável

Ele bota no pinico?

Quem já tem nada carece

Quem não tem sempre padece

Noel tu és impudico

 

Tira essa roupa vermelha

Verde vai ficar dá hora

Muito mais original

Sua fantasia aflora

O perverso Capital

Representante do mal

Que a sociedade explora

 

Sonho com natal sem fome

Com solidariedade

Um freio no consumismo

Ver só amor de verdade

Alegria em casa nobre

Mas também em casa pobre

Um natal com igualdade

 

O ideal seria sim

Nem existir rico e pobre

Por que esse Deus tão bondoso

Só frequenta casa nobre

É por meritocracia?

Por que chancela agonia

De quem reza e não tem cobre?

 

Vão dizer que é utopia

Melhor é crer em Jesus

Ele já deu sua vida

E por nós morreu na cruz

Tu não entendeste nada

Essa reza desgastada

Não me engana nem seduz

 

O Cristo que eu acredito

Repartiu bem o seu pão

E sempre pregou o amor

Falou de paz e união

Nunca apontou pecador

Era perfeito orador

Pense nisso "bom Cristão"

 

Pois eu sou ateu e penso

Gosto do Homem Nazareno

Não como santo sagrado

Muito mais um ser terreno

Que dividia seu pão

E vivia em comunhão

Lembro que ele era moreno

 

O racista o embranqueceu

Até lhe deu olho azul

É tosca piada histórica

Tão milenar tal qual Raul

Meu avô acreditou

Porque a igreja se calou

Consagrou de norte a sul

 

O excelente Patativa

Taxado de comunista

Disse com bastante acerto

Que o primeiro da lista

Foi Jesus de Nazaré

Que distribuiu com fé

E comunhão realista

 

Hoje assisto a hipocrisia

Também fala de homens "santos"

Que tentam nos converter

E nos cobrir com seus mantos

Para encher os seus cofrinhos

Enganam os pobrezinhos

Os iludem com encantos

 

E tal qual uma sereia

Com magia e sedução

Usam o verbo e a palavra

Em vendida pregação

Mercantilistas da fé

Desde os tempos de Jafé

Com raríssima exceção

 

Desculpem-me companheiros

Versejar sobre esse tema

Nessa época especial

Mas se provoco o dilema

E por um motivo urgente

Passa fome a nossa gente

Logo esse é grave problema

 

Finalizo desejando

Uma boa reflexão

Também olhar solidário

Para todos, com união

Natal é só fantasia

Mas fome causa agonia

Tá matando nosso irmão.

 

Jessé Ojuara
Enviado por Jessé Ojuara em 23/12/2022
Alterado em 23/12/2022
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